O italiano Nicolau Maquiavel, defensor do absolutismo e de ações repressivas e austeras por parte dos governantes, quando necessário, foi um filósofo e teórico político nascido durante o Renascimento. É conhecido como o patrono da Ciência Política moderna, por ter produzido vasto material sobre o Estado.
Apesar de entrar para a histórica como adjetivo (maquiavélico: sem escrúpulos; que nega as leis morais), é por sua teoria política que é, verdadeiramente, lembrado. Para fazer jus à sua história, acompanhe nossa lista com fatos importantes para conhecê-lo. Confira.
1. Sua principal obra foi banida pelo Papa
(Fonte: Wikimedia Commons)
A magnum opus de Maquiavel é O Príncipe. Nela, o autor sugere maneiras para que um soberano absoluto fosse capaz de conquistar, reinar e manter o poder. Acontece que a alta cúpula da Igreja Católica não ficou muito contente com o livro.
Papa Clemente VII, que era, até então, patrono de Nicolau Maquiavel, esfriou suas relações com o pensador. Já no papado de Paulo IV, O Príncipe foi incluído no “Índice dos Livros Proibidos” de Roma, em 1557. Para o Papa, a obra promulgava desonestidade e política suja.
2. Colaborou com Leonardo da Vinci
(Fonte: Wikimedia Commons)
Maquiavel e Leonardo da Vinci foram colaboradores, isto é, mantiveram uma relação em que ambos se valeram dos contatos e da genialidade um do outro. Há uma biografia de Leonardo que afirma que os dois se aproximaram na época em que se conheceram, na Florença. Dessa amizade saíram alguns projetos.
Maquiavel usou seus contatos para conseguir trabalhos para Leonardo da Vinci. Estudiosos do trabalho do filósofo apontam que a escrita dele foi influenciada por Da Vinci, em uma colaboração talvez involuntária. Não se sabe, ao certo, as razões para que tenham, depois, tomado rumos diferentes.
3. Acreditava em um governo justo
(Fonte: Wikimedia Commons)
O Príncipe é uma obra com certa controvérsia, já que encoraja comportamentos condenáveis sob a ótica da ética e da decência política. Contudo, estudiosos das obras de Nicolau Maquiavel, como Erica Benner, defendem que o filósofo e teórico político acreditava, apesar do que possa parecer, que os governantes devessem ter senso de justiça.
Segundo Benner defendeu em artigo no jornal inglês The Guardian, apesar de ser questionável eticamente, a obra do autor italiano deixa claro que ele acreditava no respeito à justiça para que a sociedade não caísse no caos.
4. Escreveu sua principal obra para resgatar seu status
(Fonte: Wikimedia Commons)
Maquiavel havia perdido seu cargo de diplomata e até cumprido um pequeno período na prisão. Tendo que tomar uma decisão sobre os rumos de sua vida, ele optou por se dedicar aos estudos, aproveitando uma bolsa que havia ganhado.
Foi alguns anos analisando textos de antigos filósofos políticos romanos, até que, no fim de 1513, rascunhou a primeira versão de O Príncipe. Era a sua busca por recuperar seu status na sociedade. Por uma infeliz ironia do destino, morreu antes de o livro ser publicado oficialmente e se popularizar.
5. Comparou amor e medo
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na sua obra-prima, Nicolau Maquiavel faz uma comparação inusitada: para o teórico político, os governantes devem buscar uma maneira de equilibrar a busca pelo amor de seus subordinados e inspirar medo a eles.
Para Maquiavel, um líder excessivamente brando pode fazer com que as pessoas em seu entorno sejam indisciplinadas. Já um governante muito cruel pode fazer com que seus subordinados se rebelem. Já diria o ditado, “hay que endurecerse, pero sin perder la ternura“.
6. Shakespeare não era muito seu fã
(Fonte: Wikimedia Commons)
Imagine ser um intelectual e cair em desgraça com seus pares. Foi mais ou menos isso que ocorreu com Maquiavel. Sua fama se espalhou rapidamente, ganhando adeptos e detratores. Uma das pessoas que não engoliu muito as ideias propostas por Nicolau foi William Shakespeare.
O dramaturgo usou “Maquiavel” como sinônimo de algo depreciativo em referência a vilões de textos teatrais seus, como em As Alegres Comadres de Windsor. Outro dramaturgo a fazer algo semelhante foi Christopher Marlowe, no prólogo de O Judeu de Malta. Que saia justa, hein?
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