Vários países da América Latina receberam pessoas escravizadas da África. Esse fato impactou de maneira profunda a formação das sociedades desses países, seja pela união desses afrodescendentes em grupos, seja pela miscigenação com povos ameríndios. Algumas dessas comunidades afro-latino-americanas resistiram aos séculos de opressão.
É possível encontrar algumas organizações que conseguiram preservar suas tradições culturais, costumes e idiomas. Todos os povos afro-latino-americanos ainda enfrentam graves dificuldades. Acreditando que conhecer sua história é uma forma de auxiliar no combate às tentativas de exterminar esses grupos, apresentamos algumas dessas comunidades. Confira.
1. Quilombolas (Brasil)
(Fonte: Wikimedia Commons)
Descendentes de comunidades formadas por escravizados fugitivos, as comunidades quilombolas se espalham por todo o território brasileiro. Quilombo se origina de kilombo, termo do idioma dos povos Bantu, originários de Angola, cujo significado é acampamento. Não há uma origem específica dos povos quilombolas, o que os une é a ancestralidade africana.
Em nossa história, muitos quilombos foram grandes, do tamanho de pequenas cidades, como o Palmares. Atualmente, muitas das comunidades quilombolas se esforçam em resistir à urbanização e o avanço de setores sobre seus territórios.
2. Palenques (Colômbia e Venezuela)
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os palenques são semelhantes aos quilombolas. Também são territórios formados por negros escravizados que lá se reuniam em busca de liberdade. Foram declarados um povo soberano pelos espanhóis no século XVIII, tendo se espalhado pelo território que hoje compreende o norte da Colômbia e partes da Venezuela próximas à divisa com o país vizinho.
Palenque também se refere ao idioma falado por essas comunidades, uma mistura de idiomas predominantemente europeus (espanhol, português, inglês e francês) com idiomas dos povos Bantu. Desde 2005, a região é considerada Obras-primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco.
3. Malgaxe (Peru)
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os malgaxes são o maior grupo afrodescendente do Peru, espalhados pela costa norte, Ica e Nazca. A origem está na costa leste da África, cujo grupo étnico compreende metade da população de Madagascar. Foram escravizados durante o tempo em que o Peru foi colônia espanhola.
O governo local, em 2009, emitiu um pedido de desculpas formal à população em virtude dos anos de opressão. São responsáveis por parte da produção agropecuária do país, além de atuarem com trabalho artesanal muito reconhecido.
4. Garífunas (Honduras, Guatemala e Nicarágua)
(Fonte: Wikimedia Commons)
Considerado um grupo étnico cafuzo, se estabeleceu na costa de Honduras, Guatemala e Nicarágua. Sua origem está na miscigenação de indígenas Caraíbas e Aruaques com africanos escravizados. Os costumes e os idiomas desses povos foram preservados, resultando na criação de comunidades litorâneas independentes.
As estimativas atuais são de que 600 mil garífunas residam na América Central e nos Estados Unidos, que possui a segunda maior comunidade do mundo. Em 2005, a Nicarágua aprovou uma lei que concedeu aos garífunas direitos fundiários aos territórios que ocupam.
5. Misquitos (Honduras e Nicarágua)
(Fonte: Wikimedia Commons)
Durante séculos, os misquitos foram um reino na América Central, no terreno que compreende territórios de Honduras e Nicarágua. Originalmente constituído por ameríndios, passaram, durante o século XVIII e XIX, a abrigar escravizados fugitivos, posteriormente havendo a constituição de famílias com esses.
Foram absorvidos em 1894 por Honduras, ainda que partes tenham remanescido na Nicarágua. Atualmente, estão mais concentrados no território hondurenho, especialmente após o conflito dos misquitos com o governo sandinista, na década de 1980. São criadores de gado e aves, além de praticarem algumas formas de agricultura.
6. Kamba Cuá (Paraguai)
Com predominância em territórios da Região Metropolitana de Assunção, capital do Paraguai, a comunidade kamba cuá é a principal afrodescendentes do país vizinho. Sua origem tem relação com o êxodo de comunidades de negros libertos do Brasil e Uruguai, absorvidas pelo governo local.
Chegando ao Paraguai, receberam um território conhecido como Barrio Camba Cua. A comunidade mantém, até hoje, tradições e costumes, além da celebração da festa Kambá, uma festa de cunho religioso em que se cultua São Baltazar.
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