Uma boa alimentação é essencial para termos uma vida saudável, por isso, é necessária a criação de materiais e instrumentos de apoio para que a população tenha certo embasamento para uma alimentação segura, que forneça nutrientes suficientes para as necessidades individuais, para evitar doenças, como o sobrepeso e a obesidade, e também para manter um bom estado nutricional, evitando assim a desnutrição.

Segundo o Guia alimentar para a população brasileira, “o excesso de peso acomete um em cada 2 adultos e uma em casa 3 crianças brasileiras”. Estes materiais de apoio vão se modificando com o passar dos anos e isso se dá porque novos estudos e pesquisas vão sendo feitos e cada dia mais estes materiais se adaptam melhor à realidade da população de acordo com seu perfil cultural, socioeconômico e ambiental, além de melhorarem sua qualidade de vida.

Tais instrumentos participam efetivamente do dia a dia da população por meio da didática e da compreensão de uma alimentação saudável, equilibrada e adequada. Os materiais e instrumentos mais conhecidos pela população são a Pirâmide Alimentar e o Guia alimentar para a população brasileira. Vamos conhecer mais um pouquinho deles?

O que é a Pirâmide Alimentar e por que ela foi criada?

aPirâmide alimentar. (Fonte: Educa Mais Brasil)

Criada nos Estados Unidos em 1992, a Pirâmide Alimentar surgiu da evolução de um guia alimentar elaborado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) com o intuito de proporcionar à população uma alimentação mais adequada.

Como inseriram essa pirâmide aqui no Brasil?

Para a inserção desta pirâmide aqui no Brasil foi necessário fazer certas adaptações e assim, ela ficou conhecida como Pirâmide Alimentar Adaptada. O consumo energético diário indicado para brasileiros ficou na faixa de 1600 a 2800 kcal. Foi feita a divisão dos alimentos em 8 grupos de alimentos, houve alteração de produtos devido aos hábitos alimentares do nosso país e aumento de porções, visando principalmente a alimentação diversificada e na quantidade certa.

Como é dividida a Pirâmide Alimentar?

A Pirâmide alimentar adaptada é dividida em 8 grupos:

  • Açúcares: com menor representatividade, são alimentos fonte de energia que devem ser consumidos com moderação. Exemplos: chocolates e mel;
  • Gorduras: também de menor representatividade. Exemplos: margarina, manteiga e óleos diversos;
  • Carnes: este grupo representa proteínas como peixe, frango, carne vermelha, ovo, cogumelos etc.;
  • Leite e derivados: também representa proteínas, mas como leite, queijos, iogurte, coalhada etc.;
  • Leguminosas: outro grupo de proteínas, mas como feijão, lentilha, ervilha etc.;
  • Vegetais: fornecem vitaminas, minerais e fibras.  Exemplos são verduras e legumes em geral;
  • Frutas: também fornecem vitaminas, minerais e fibras. Exemplos: morango, manga, uva etc.;
  • Cereais/pães: é a base da pirâmide, ou seja, trata-se de alimentos que devem ser consumidos em maiores porções, pois fornecem energia. Exemplos: pão, batata, macarrão, arroz etc.

O que é o Guia alimentar para a população brasileira?

aGuia alimentas para a população brasileira. (Fonte: Ministério da Saúde)

Segundo o artigo Adesão ao guia alimentar para a população brasileira, ele “constitui o primeiro conjunto oficial de diretrizes alimentares para o Brasil”. Trata-se de um documento oficial feito exclusivamente para incentivar a alimentação adequada à população. O Guia alimentar foi publicado no ano de 2006 e sua 2ª edição foi publicada em 2014 (substituindo a antiga versão), e foi elaborada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS), tendo apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Nesta mais recente edição, novas recomendações foram citadas diante das mudanças de cenário que ocorreram na sociedade brasileira e também devido ao fortalecimento da institucionalização da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e da promulgação da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional.

Quais são seus princípios e objetivos?

O Guia Alimentar possui 5 princípios:

  • Alimentação é mais que ingestão de nutrientes;
  • Recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com seu tempo;
  • Alimentação adequada e saudável deriva de um sistema alimentar social e ambientalmente sustentável;
  • Diferentes saberes geram conhecimento para a formulação de guias alimentares;
  • Guias alimentares ampliam a autonomia nas escolhas alimentares.

E claro, seu grande objetivo é a promoção da saúde por meio de uma alimentação mais saudável que respeite os princípios e a prevenção de enfermidades.

Como é a nova nomenclatura?

A nova nomenclatura é um novo jeito de classificar os alimentos, mas o que isso quer dizer? São categorias nas quais encaixamos os alimentos e têm como base níveis de processamento de alimentos. São assim divididos:

  • Alimentos In natura ou minimamente processados: são produtos retirados da natureza e que não sofrem alteração. Exemplos:  verduras, tomate, cebola, cenoura, batata, arroz e feijão. Já os minimamente processados são alimentos in natura que passam por processos de limpeza, higienização, refrigeração, moagem, pasteurização, fermentação, secagem etc. Exemplos: café, leite pasteurizado, farinha de milho e de mandioca, frutas secas;
  • Óleos, gorduras, sal e açúcar: provenientes da extração de produtos in natura que passam por diversos processos para a sua obtenção. Exemplos: sal refinado e grosso, óleo de soja ou de girassol, azeite, manteiga, banha de porco, açúcar mascavo, demerara e refinado;
  • Alimentos processados: são fabricados industrialmente e neles são adicionados sal ou açúcar. Exemplos: vegetais conservados em sal, frutas em calda, carne seca, etc.;
  • Alimentos ultraprocessados: são criações industriais que contêm em suas fórmulas uma grande quantidade de aditivos. Estes alimentos são considerados produtos de baixo valor nutricional que proporcionam altas calorias, além de grandes níveis de sódio, açúcar e gordura. Exemplos: bolachas, biscoitos, salgadinhos, macarrão instantâneo, refrigerante etc.

Por que hoje é preferível e indicado usar o Guia alimentar?

O Guia respeita o padrão alimentar do brasileiro e sua realidade social, além de preconizar a cultura alimentar. Também prioriza uma relação especial com o ato de comer,  não rebaixando os produtos como simples fonte de nutrientes, mas, sim, como uma nova visão sobre a alimentação.

Já a pirâmide alimentar ficou obsoleta e não é mais usada há anos porque não reflete nem valoriza a cultura alimentar da população, ou seja, não coloca em evidência produtos que carregam a história e os costumes populacionais. Na minha opinião, ela nada mais é do que um apoio gráfico que categoriza e limita a representação dos alimentos.

Onde posso achar o Guia alimentar?

O Guia alimentar para a população brasileira está disponível em PDF no site do Ministério da Saúde.

***

Marcela Andrade, colunista semanal do Mega Curioso, é bacharel em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas, bacharel em Nutrição, perita judicial na área da Nutrição, e pós-graduanda em Saúde Pública com ênfase em Estratégia Saúde da Família.

#SuperCurioso | www.supercurioso.online

Previous post Por que os humanos dormem menos que outros primatas?
Next post 5 santos que viveram longe da ‘santidade’