Os construtores e demais trabalhadores de Stonehenge, na Inglaterra, criaram um dos monumentos da era neolítica mais icônicos do mundo. Porém, quando o assunto é estudar o passado, estamos acostumados a encontrar estruturas diversas, ferramentas, ossos e até dentes. 

Mas, por menos comum que seja, foram exemplares de cocô fossilizado que ajudaram pesquisadores a entender melhor como se alimentavam as pessoas envolvidas na construção desses círculos concêntricos de pedra.

Chamados coprólitos, os achados arqueológicos apontam que, durante as celebrações de inverno que aconteciam em Stonehenge, os trabalhadores e seus cães comiam carne mal cozida e ingeriam uma quantidade significativa de ovos de vermes parasitários.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Culpa da carne mal cozida

De acordo com o site LiveScience, os pesquisadores descobriram esses fósseis de fezes  na região de Durrington Walls, um assentamento da era neolítica localizado a 2,8 quilômetros de onde está situado o monumento. No total, foram analisados 19 coprólitos, tanto de humanos quanto de cães. Os resultados do estudo foram publicados na revista especializada Parasitology

Três dos coprólitos pré-históricos. (Fonte: Lisa-Marie Shillito/PA)Três dos coprólitos pré-históricos. (Fonte: Lisa-Marie Shillito/PA)

De acordo com os cientistas que conduziram a análise, em cinco das amostras, sendo 1 de humano e 4 de cães, foi possível encontrar ovos de diversos vermes parasitas. Para eles, os ovos dos vermes foram ingeridos pelos construtores das estruturas por meio do consumo de carne semi crua servida durante a realização das grandes festas de inverno.

Como os cães acabavam consumindo as sobras dos pratos, também terminavam com ovos de parasitas no organismo. Segundo um comunicado divulgado pela equipe, essas amostras de cocô se tornaram fundamentais, já que constituem o mais antigo achado arqueológico sobre a presença de vermes parasitários no Reino Unido.

Conforme as análises, os vermes do gênero Capillaria, encontrados nas fezes humanas e dos cães, costumam infectar bovinos e outros animais ruminantes alojando-se no fígado de seus hospedeiros, depositando ali os seus ovos. Devido a esse fato, os autores do estudo acreditam que o consumo de carne bovina tenha sido a principal origem dos ovos.

Curiosamente, os exemplares de ossos encontrados no mesmo local onde foram recolhidos os coprólitos sugerem que o gado estava longe de ser a fonte de proteína animal mais consumida pelos construtores. Foram desenterrados 38 mil ossos de animais. Desse total, apenas 10% eram de gado enquanto os outros 90% eram de porcos.

Ovos dos vermes. (Fonte: Evilena Anastasiou/University of Cambridge)Ovos dos vermes. (Fonte: Evilena Anastasiou/University of Cambridge)

Os cientistas ainda encontraram ovos de tênia em um exemplar de fezes fossilizadas de cachorro. Ao que tudo indica o animal ingeriu os parasitas por se alimentar de peixe cru de água doce. Como no local não havia nenhuma evidência do consumo de peixes, para os pesquisadores isso indica que o assentamento não era usado durante o ano inteiro e que o tal cão, provavelmente, se alimentou em outro lugar.

A construção de monumento de Stonehenge

Conforme Piers Mitchell, principal autor do estudo, pesquisas sugerem que humanos do período neolítico se deslocavam de diversas partes da Inglaterra durante os meses de inverno para ajudar a construir Stonehenge. Isso aconteceu pelo menos entre 4 e 5 mil anos atrás.

Para Mitchell, esses trabalhadores não viviam na região: boa parte deles era proveniente do sul da Grã-Bretanha. Durante o verão cultivavam e armazenavam suas colheitas e, com a chegada do inverno, se dirigiam para Stonehenge, tanto para o processo de construção do monumento quanto para os festivais religiosos.

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