A Mulher Maravilha é uma das personagens mais populares da cultura pop. E neste mês do orgulho LGBTQIA+, a atriz Lynda Carter, que é provavelmente a intérprete mais famosa da Mulher Maravilha, manifestou-sobre a importância dela na cultura queer.
Lynda escreveu em sua conta de Twitter: “Eu não escrevi a Mulher Maravilha, mas se você quer argumentar que ela de alguma forma não é um ícone queer ou trans, então você não está prestando atenção. Toda vez que alguém vem até mim e diz que a Mulher Maravilha o ajudou a sair do armário, eu me lembro do quão especial é esse papel”.
No 75º aniversário da Mulher Maravilha, em 2016, a DC Comics produziu uma HQ em que revelava que Diana de Themyscira (o nome real da heroína) é oficialmente queer. E por que isso é muito importante? É o que discutimos neste texto.
As múltiplas faces da Mulher Maravilha
(Fonte: Allure)
A revelação da Mulher Maravilha como personagem queer é importante por vários aspectos. Nas histórias em quadrinhos e na cultura pop em geral, muitos relacionamentos LGBTQIA+ sempre foram retratados de forma “codificada”, nas entrelinhas. Muitas vezes isso era feito no intuito de agradar os fãs gays, mas buscando não irritar os demais fãs.
Mas o fato é que esse cuidado de não desagradar fãs heterossexuais é, de alguma forma, perpetuar o desrespeito à comunidade LGBTQIA+, pois, afinal, não há essa preocupação em relação a eles e ao que os ofenderia.
Por isso, a decisão de posicionar a Mulher Maravilha como personagem queer pode ser compreendida como um marco na cultura pop. “É importante a decisão de criar a representação LGBTQ em um meio que pode impactar um número infinito de histórias que gostamos, que afetam como as pessoas pensam, sentem e tratam umas às outras em nossa cultura maior”, pontuou Teresa Jusino, na Teen Vogue.
A mitologia em torno da Mulher Maravilha
(Fonte: IMDB)
A história da Mulher Maravilha é fundada em uma mitologia que, embora fictícia, empresta elementos de mitologias que realmente existiram. Ela é um das amazonas, uma raça de guerreiras femininas que receberam dos deuses do Olimpo um ilha chamada Themyscira, onde ficariam separadas do mundo dos homens.
Sem a presença dos homens e do sexismo, elas teriam a oportunidade de evoluir em muitos aspectos, tornando-se mulheres poderosas e inteligentes, ainda que também guerreiras altamente treinadas. Embora preparadas para a luta, são partidárias da paz e das diferenças, mantendo-se alheias ao desejo masculino pela guerra.
Diana e Steve acabam se apaixonando. No entanto, muitos estudiosos da personagem se perguntam sobre a história da Mulher Maravilha antes que ela conhecesse este primeiro homem. Deveriam acreditar que, numa ilha cheia de mulheres, elas nunca se apaixonaram umas pelas outras?
Mulher Maravilha como personagem queer
(Fonte: CBS News)
Muitos fãs achavam nas HQs algumas pistas sobre a heroína ser gay, fato que foi confirmado por Greg Rucka, um dos escritores de suas histórias. Em entrevista, ele afirmou que a Mulher Maravilha é queer, o que, em suas palavras, significa que ela possui, “embora não necessariamente exclusivamente, interesse romântico e/ou sexual por pessoas do mesmo sexo”.
Greg Rucka diz que esse posicionamento é importante, pois recontextualiza a ideia de muitos fãs, perpetuada por várias histórias, de que Diana deixou a ilha Themyscira por conta de Steve Trevor. Na versão de Rucka, ela sai de sua casa porque “quer ver o mundo e alguém deve ir fazer isso. E ela decidiu que deve ser ela a fazer esse sacrifício”.
A declaração do autor, que também reflete uma posição da DC, é relevante porque tira a Mulher Maravilha de um limbo de algo que os leitores conseguiam enxergar apenas nas entrelinhas. Os fãs – especialmente os da comunidade LGBTQIA+ – agora esperam ver mais clareza nas histórias dessa personagem, mas também nas de tantos outros que acompanham.
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