O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Federal (PF) prenderam um policial civil envolvido em lavagem de dinheiro para o PCC por meio de duas fintechs. A prisão ocorreu na manhã desta terça-feira (25) e a suspeita é que as organizações tenham movimentado cerca de R$ 30 milhões recentemente.
Os investigadores chegaram ao policial Cyllas Elia Junior por meio da delação do empresário Vinícius Gritzbach, assassinado no fim do ano passado. Elia Junior é CEO da fintech 2GO, citada por Gritzbach, que também comentou sobre outra instituição financeira digital nas investigações, a InvBank.
Segundo as informações das autoridades, a 2GO era usada por chefes de organizações para lavar dinheiro usado em compras de imóveis de luxo. A maioria dos clientes utilizava serviços de movimentação financeira anônima, que dificulta o rastreio, mas em três anos a empreitada teria movimentado R$ 4 bilhões.
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Por conta das altas cifras utilizadas na compra dos imóveis, os criminosos começaram a utilizar a fintech para receber o dinheiro em espécie e depois realizar a movimentação. Essas empresas ainda direcionavam os depósitos para conta de usuários ‘laranjas’, com objetivo de manter o controle e disfarçar as operações ilegais.
PCC tem brecha para criação de fintechs
Segundo informações de um dos investigadores da operação, que não quis se identificar, os criminosos do PCC encontraram uma brecha legal para a lavagem de dinheiro. “Hoje, um integrante do PCC cria uma conta numa fintech e não precisa fornecer nenhum tipo de documentação. Nada sai em nome do titular da conta. Quando a Justiça determina a quebra do sigilo bancário, todas as movimentações ficam no nome da fintech, e não do titular, que acaba protegido”, explica o investigador.
Investigações desde abril de 2023 também apontam que as fintechs lavam dinheiro por meio do Bolsa Família para a organização criminosa. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) estranhou uma movimentação de 72 transações via Pix de uma conta da 2GO que totalizou cerca de R$ 16.000 e posteriormente R$ 25.000 para o mesmo remetente.
Afastado desde 2022, Cyllas Elia Junior já havia sido preso em uma operação da PF em Campinas em 2024, por ligação com lavagem de dinheiro para grupos chineses, mas foi solto meses depois.
Além da prisão do policial civil, as autoridades cumpriram mandados de busca e apreensão nas sedes dessas duas empresas, e as atividades das fintechs foram suspensas pela Justiça.
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