Um grupo de pesquisadores analisou a fundo um dos maiores escândalos do setor de criptomoedas nos últimos anos, revelando como um golpe em larga escala nessa área pode acontecer. Os resultados foram recém publicados em um artigo científico escrito pela equipe liderada por Richard Clegg, especialista em estatística e professor da Queen Mary University of London.

De acordo com o estudo, o caso da Terra-Luna é um exemplo de atividade coordenada entre um pequeno número de investidores e isso explica a “explosão” de uma moeda que chegou a valer US$ 3,5 bilhões (ou R$ 21,1 bilhões). Na época, os envolvidos tramaram para que o preço da moeda caísse repentinamente para comprá-la na baixa e aumentar os ganhos.

Esse comportamento já era uma suspeita de especialistas do setor, mas agora foi comprovado pelo estudo. O método desenvolvido pela equipe, que inclui um software de análise, agora pode ser usado pela indústria para ajudar em investigações ou até detectar previamente outras criptomoedas que estejam próximas de passar por golpes parecidos.

Como a estatística comprova uma fraude fiscal?

O grupo britânico aplicou uma análise de grafos em multicamadas nos dados emitidos pela blockchain Ethereum envolvendo a stabecoin TerraUSD e o token Luna vinculado ao projeto. A técnica de análise de redes é inédita no estudo desse tipo de caso.

Nos resultados, é possível perceber “um padrão de atividades altamente anormal” nos dias anteriores ao colapso da criptomoeda. Em vez de transações mais fragmentadas entre os muitos investidores e valores variados, foram registradas movimentações altíssimas de cinco ou seis indivíduos.

um gráfico que mostra a desvalorização repentina da Terra-Luna
A queda repentina na cotação da criptomoeda. (Imagem: Reprodução/CoinGecko)

Essa coordenação registrada em abril de 2022 foi tida como proposital, em especial pela baixíssima probabilidade de acontecerem de forma natural em investimentos. O artigo completo pode ser conferido neste link (em inglês).

Isso prova que havia um grupo de pessoas praticamente controlando esse mercado, sendo capaz inclusive de promover a queda brusca no preço dessa moeda e desestabilizar todo o sistema de comercialização. A identidade dos envolvidos não foi descoberta, mas a evidência pode ser usada no futuro.

“Nosso trabalho mostra que, aplicando técnicas matemáticas rigorosas, podemos desvendar os padrões ocultos e comportamentos que conduzem esses mercados. Isso não é só apenas sobre compreender o que deu errado no passado, é sobre construir um sistema financeiro mais seguro e transparente para o futuro”, diz o pesquisador líder do estudo.

O que foi o caso Terra-Luna

A dupla Terra-Luna parecia um projeto promissor no setor de criptomoedas, com o token LUNA negociado a partir de uma stablecoin, a Terra, que ajudava a controlar o seu valor com base no dólar.

Na segunda semana de maio de 2022, entretanto, ela perdeu mais de 99% do valor em questão de dias. Investidores desesperados reclamaram publicamente e tiraram o dinheiro da criptomoeda, que teve a imagem manchada em definitivo — mesmo retornando tempos depois em uma versão 2.0 que não teve a mesma tração.

a logo da Terra
A logo da Terra. (Imagem: Reprodução/TeePublic)

Mais de US$ 40 bilhões teriam sido perdidos por quem investiu na Terra-Luna e viu a cotação “derreter” em pouco tempo. A empresa Terraform Labs declarou falência no ano passado e é considerada a principal responsável por enganar os consumidores.

O desenvolvedor sul-coreano Do Hyeong Kwon, criador da empresa que mantinha a moeda, foi preso e acusado de fraude. Ele foi extraditado para os Estados Unidos, onde responderá a um processo judicial por fraude e outro por tentar esconder as provas das autoridades com uma auditoria falsa.

um homem sul-coreano deitado em um sofá cinza, com um escritório ao fundo
Do Kwon foi preso e acusado de tramar a fraude no projeto. (Imagem: Reprodução/Instagram)

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