Um modelo de linguagem que vai ajudar os cientistas a decifrar a linguagem dos golfinhos é a mais recente criação do Google no segmento de inteligência artificial. Denominada DolphinGemma, a ferramenta anunciada na segunda-feira (14) foi treinada para aprender a estrutura das vocalizações desses mamíferos sociáveis.
Desenvolvida em parceria com o Wild Dolphin Project (WDP) e a Georgia Tech, a tecnologia baseada nos modelos abertos Gemma analisa os sons emitidos pelos animais marinhos em busca de padrões e sequências específicas. O processamento é feito usando o tokenizador SoundStream.
Assim como no caso dos modelos que trabalham com a linguagem humana, esta versão é capaz de prever os sons seguintes que seriam emitidos pelos golfinhos. A ideia do projeto é tentar descobrir os significados ocultos nas comunicações entre eles para, futuramente, estabelecer um vocabulário compartilhado que facilitaria a interação com os humanos.
Segundo o Google, a IA DolphinGemma vem acelerando o trabalho de análise de décadas de gravações subaquáticas de vídeo e áudio feitas pelo WDP, processo que exigiria um enorme esforço humano para ser concluído. A organização sem fins lucrativos acompanha um grupo de golfinhos pintados do Atlântico desde 1985.
IA dos golfinhos nos celulares Pixel
Para facilitar o trabalho dos pesquisadores que atuam em mar aberto estudando os golfinhos, a companhia de Mountain View optou por um modelo de linguagem leve, com 400 milhões de parâmetros. A escolha permitiu a utilização da tecnologia em dispositivos menores, sem hardware personalizado, e também reduziu o consumo de energia.
Assim, a equipe conseguiu adaptar o DolphinGemma para ser usado em smartphones Pixel 6, aprimorando a coleta e a análise dos sons emitidos pelos mamíferos marinhos em tempo real. No celular, a IA trabalha em conjunto com o Cetacean Hearing Augmentation Telemetry (CHAT), mecanismo que auxilia na “conversa” com os animais.

Conforme a empresa, o CHAT gera sons sintéticos associados a objetos específicos que os golfinhos adoram, como ervas marinhas. A ideia é que eles aprendam a imitar esses assobios que saem do computador subaquático para solicitar os produtos desejados, criando assim uma forma de se comunicar com os humanos.
Melhorias estão previstas para chegar ao sistema em breve, com o uso de celulares da série Pixel 9 pelos pesquisadores. A troca permitirá a integração das funções de alto-falante e microfone, enquanto o processamento avançado da linha mais recente habilitará a execução de modelos de aprendizado profundo e algoritmos de correspondência ao mesmo tempo.
Tecnologia será fornecida para outros projetos
Além do WDP, mais projetos que estudam os animais marinhos famosos pela inteligência poderão ter acesso à IA dos golfinhos ainda este ano, quando ela se tornará aberta. Conforme a big tech, a tecnologia tem um grande potencial de colaboração na descoberta científica.
Mesmo tendo sido treinado com os sons dos golfinhos pintados do Atlântico, o modelo pode ser útil para pesquisadores que estudam outras espécies de cetáceos, como o golfinho nariz de garrafa e o golfinho rotador. Os especialistas precisam apenas realizar ajustes finos nas vocalizações do sistema.
“Ao fornecer ferramentas como o DolphinGemma, esperamos dar aos pesquisadores em todo o mundo as ferramentas para minerar seus próprios conjuntos de dados acústicos, acelerar a busca por padrões e aprofundar coletivamente nossa compreensão desses mamíferos marinhos inteligentes”, declarou a empresa, em comunicado.
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