O patriotismo dos Estados Unidos, em sua maioria proveniente de um exarcebado expecionalismo americano, é refletido, principalmente, no juramento à bandeira, um hábito e ato que costuma se chocar em aspectos culturais com outros países, incluindo o Brasil.

Ainda que seja esquecido pela História, o primeiro juramento foi criado em meados de 1887 pelo capitão George T. Balch, um veterano da Guerra Civil Americana, que veio a se tornar auditor do Conselho de Educação de Nova York. Ele foi o responsável por introduzir a ideia de que as crianças deveriam ser ensinadas nas escolas a jurarem à bandeira americana para demonstrar sua lealdade ao país. Sua obstinação foi tamanha que ele chegou a distribuir bandeiras em todas as salas de aula e escolas que pôde.

Cinco anos depois, Francis Bellamy escreveu o famoso Pledge of Allegiance (“Juramento à bandeira”), em comemoração ao aniversário de 400 anos da viagem de Cristóvão Colombo às Américas. O presidente Benjamin Harrison, portanto, proclamou dia 21 de outubro o “Dia de Colombo”, incluindo o juramento ao “Programa Oficial para a Celebração da Escola Pública Nacional Colombiana de 21 de outubro de 1892”.

Desse dia em diante, as crianças nas escolas foram instruídas a jurarem à bandeira diariamente. Essa é a história em linhas gerais de como tudo começou, mas não foi só assim que aconteceu.

Por trás do patriotismo

Francis Bellamy. (Fonte: Wikimedia Commons)Francis Bellamy. (Fonte: Wikimedia Commons)

Na época em que o juramento foi escrito, devido ao maquinário da industrialização, os EUA passavam por um momento de turbulência social, essencialmente pela massa de pessoas das fazendas se deslocando para os centros populosos, com os imigrantes pobres e sem instrução vindo da Europa.

Os nativos e os políticos dividiram opiniões sobre o quanto aqueles povos eram “americanos de verdade” por estarem ali e, principalmente, se o teor da palavra estava mudando com tantas pessoas “desconhecidas” invadindo o país.

(Fonte: MPI/Stringer/Getty Images/Reprodução)(Fonte: MPI/Stringer/Getty Images/Reprodução)

Ex-pastor batista, socialista cristão e então editor assistente da revista Youth’s Companion, destinada às crianças e seus pais, Bellamy decidiu que a maneira de amenizar esse sentimento de confusão e ódio para com os imigrantes era americanizando todos os aspectos da sociedade. Como o ensino é a base de tudo, portanto, o primeiro passo seria incorporar pacificamente programas patrióticos nas escolas públicas — cujo conceito mal existia no país antes da guerra.

Foi entre as décadas de 1870 e 1880 que as pessoas começaram a enxergar as escolas públicas como um local onde era possível criar uma sociedade melhor, ensinando as crianças a serem leais a sua pátria.

No entanto, ainda que Bellamy fosse um patriota convicto, ele não escreveu o Pledge of Allegiance pensando nisso, mas sim em vender revistas e bandeiras.

Um desfile de lucros

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Bellamy se uniu aos seus chefes da Youth’s Companion, que adoraram a ideia de capitalizar a próxima Exposição Colombiana, e embarcaram na caçada em fazer alianças com grupos cívicos patrióticos, como o Grande Exército da República (GAR), que tinha um público de mais de meio milhão de pessoas pelo país para vender as bandeiras americanas que fabricaram.

A revista também imprimiu um programa patriótico com a récita do Pledge of Allegiance e da Celebração Nacional Colombiana, que Bellamy ficou encarregado de elaborar. De repente, o ato de jurar à bandeira se tornou um desfile completo, com orquestra, outras canções patrióticas e homenagens aos veteranos da Guerra Civil.

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