É bem provável que a maioria das pessoas pense em santidade, reclusão e castidade quando o assunto é uma freira.
É claro que isso também é verdade, mas a abadessa beneditina alemã, Hildegard von Bingen, foge um pouco à regra: a religiosa é considerada a primeira mulher a fazer uma descrição bastante vívida do orgasmo feminino. O que ela descobriu? Vamos te contar agora!
Uma mulher única
(Fonte: Wikimedia Commons)
Hildegard von Bingen (1098 – 1179) era uma mulher de talentos. Além de abadessa, também foi autora, curandeira e compositora. Aliás, é uma das poucas compositoras do século XI cuja obra produzida está praticamente intacta.
Em um período em que poucas mulheres tinham permissão para ler ou escrever, Hildegard von Bingen criou de textos teológicos a guias medicinais, passando pela invenção do próprio alfabeto.
Embora muitas de suas ações sejam consideradas feministas, os escritos religiosos de Hildegard deixam claro que, apesar de ser uma mulher à frente de seu tempo, ela ainda era adepta de diversas ideias patriarcais vigentes na época.
Por exemplo, considerava as mulheres como seres mais fracos, condenava a relação de pessoas do mesmo sexo — assim como a masturbação — e defendia a virgindade como o mais alto grau da espiritualidade feminina. Ainda assim, seus pensamentos eram únicos para a época.
Um dos que mais destacam entre as ideias da freira alemã são as relações heterossexuais, defendendo que o prazer feminino deveria receber bastante enfoque. Para uma freira, Hildergard parecia saber muito sobre o sexo. A descrição abaixo, feita pela religiosa poderia ser aplicada ao que hoje chamamos de orgasmo feminino e todas as suas implicações, incluindo os aspectos próprios da concepção:
“Quando uma mulher está fazendo amor com um homem, uma sensação de calor em seu cérebro, que traz consigo deleite sensual, comunica o sabor desse prazer durante o ato e convoca a emissão da semente do homem. E quando o sêmen cai em seu lugar, aquele calor muito forte do cérebro o atrai e o retém consigo, e imediatamente os rins da mulher se contraem, e todos os membros que durante a menstruação estão prestes a abrir se fecham, na mesma maneira como um homem forte segura algo em sua mão. ”
A advinha curandeira
Talvez você esteja se perguntando como uma pessoa que vivia em um convento poderia escrever textos tão destalhados sobre a sexualidade feminina.
Bingen foi parar no convento como uma doação. Sua família era religiosa e, como era a décima filha, foi dada como dízimo. Ela também tinha visões desde os três anos e mais tarde confessou ter medo de escrever o que via desde.
Uma vez no convento, no entanto, é bem possível que tenha se dedicado aos estudos de escritos medievais. Porém, não é possível afirmar que ela teve acesso a informações sobre o orgasmo feminino a partir deles.
Hildegard escrevendo sob inspiração divina. (Fonte: Wikimedia Commons)
Outra possibilidade era seu próprio trabalho na área médica. A ordem beneditina da qual fazia parte tinha como dever oferecer ajuda e assistência médica à comunidade. O fato é que antes dela pouca coisa havia sobre o tema, ainda mais vindo de uma mulher.
Talvez Hildegard tenha questionado as mulheres que ajudou a tratar sobre suas experiências sexuais para criar um guia de cuidados femininos. Ou tudo tenha vindo em uma visão, vai saber, né?
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