O Brasil é o quinto país do mundo com a maior quantidade de denúncias de abuso sexual infantil online por canais oficiais em 2024. Essa é uma das informações do relatório anual da InHope, organização internacional de combate a esse tipo de crime.
De acordo com o levantamento, foram quase 50 mil denúncias realizadas no ano passado por meio da SaferNet, a entidade de proteção que lida com esse e outros crimes virtuais. O número é bastante alto e cresceu de forma considerável em relação ao ano anterior — no ano anterior, o Brasil estava em 27º no ranking de países com mais casos.
O relatório aponta ainda que mais de 10 mil dos sites desse tipo, também chamados pela sigla em inglês CSAM (child sex abuse material), foram reportados e repassados para autoridades estrangeiras. Nestes casos, eles continham vítimas de outras nacionalidades ou são crimes que não ocorreram no país. Já 1.155 das páginas estavam até mesmo hospedadas em servidores brasileiros.
A maior parte das denúncias é de páginas que disponibilizam ou comercializam esse tipo de conteúdo. Elas são encontradas tanto por meio de mecanismos próprios de pesquisa quanto por canais de denúncia, que podem ser feitas por qualquer pessoa. Todos os conteúdos são repassados para autoridades como o Ministério Público Federal (MPF), que formaliza uma investigação.
O relatório da InHope com dados de 2024 traz um aumento de 218% na quantidade de casos denunciados e atividades suspeitas, sendo que 65% deles já foram classificados como ilegais e 37% trazem materiais inéditos, indicando que a produção criminosa desses conteúdos segue aumentando. O estudo completo pode ser conferido por meio deste link (em inglês).
Como denunciar canais com materiais de abuso infantil?
Para denunciar uma atividade criminosa na internet, basta acessar a hotline da Safernet pelo site oficial da entidade. Lá, é possível abrir um chamado anônimo a partir do endereço encontrado. O processo serve para casos de materiais de abuso infantil, racismo, xenofobia e maus tratos contra animais, entre outros casos. A SaferNet foi a primeira organização da América Latina que se junto ao grupo InHope, que concentra outros canais de denúncia (hotline) desse tipo de prática criminosa.
De acordo com a organização, apesar de os números já serem altos, eles não refletem todo o cenário: apenas quatro países da região têm representação na InHope e ainda carecem de ferramentas próprias de detecção e orçamento para manter pesquisas em determinadas localidades.
O TecMundo lançou em 2024 um documentário de cibersegurança que retrata o cotidiano de investigadores brasileiros que atuam para combater esse tipo de material na internet e outros dilemas encontrados por advogados e até vítimas desses crimes. Confira, abaixo, o documentário Realidade Violada 3: Predadores Sexuais:
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