Por que o nosso rosto tem certas características? Por que nossos olhos têm um formato muito semelhante ao do nosso pai ou nossa mãe? A resposta parece ser bem simples: por conta de nossos genes. Mas, até pouco tempo, os cientistas não sabiam explicar bem como esse processo se desenvolvia a partir de nossa genética. Estudos recentes estão avançando nessa questão ao descobrir quais são as regiões do DNA que influenciam mais diretamente no nosso “design” facial.
Um trabalho publicado na revista Nature Genetics identificou 130 regiões cromossômicas que estão associadas aos aspectos visíveis de nosso rosto. Este estudo, que foi feito por um grupo colaborativo de cientistas a partir da análise de 8 mil indivíduos, identificou as relações entre 7 milhões de marcadores genéticos (os locais onde o código genético dos humanos variam) e os rostos dessas pessoas.
Ao encontrar associação entre um marcador genético e uma característica facial, os cientistas começaram a reconhecer, de forma precisa, qual parte do DNA de um cromossomo determina certas características como formato do nariz, tamanho dos lábios e dos nossos olhos, etc.
O que os pesquisadores descobriram
(Fonte: Unsplash)
Embora as descobertas ainda estejam apenas começando, os pesquisadores já fizeram algumas constatações bem interessantes sobre os padrões faciais. Uma coisa que eles já sabem é que o nariz é a parte do rosto mais influenciada por nossos genes. Por outro lado, as bochechas têm pouca influência do DNA e são formadas por conta de questões relacionadas ao estilo de vida (a dieta que mantemos, por exemplo).
Outra descoberta é que os mesmos genes estão envolvidos em processos bem iniciais da criação do corpo, como a formação dos ossos, e no desenvolvimento de anomalias faciais, como a fenda palatina.
Os pesquisadores ainda constataram que há relação entre os genes que formam a face e os membros — o que traz uma possível explicação sobre a razão pela qual algumas síndromes genéticas se caracterizam por deformação nas mãos e no rosto. Os mesmos genes podem também trazer pistas sobre o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
Possíveis benefícios deste estudo
(Fonte: Pexels)
Um dos possíveis desdobramentos das descobertas feitas nesta pesquisa é que as informações genéticas dos pacientes poderão ser úteis para o desenvolvimento de tratamentos em áreas como a ortodontia e a cirurgia reconstrutiva. Por exemplo, se os dados genéticos conseguirem determinar como será o crescimento da mandíbula de uma criança, os ortodontistas poderão saber qual é o melhor momento para intervir.
Acredita-se também que o conhecimento mais avançado dos genes faciais e suas relações com a aparência pode ser importante para a criação de novos medicamentos que auxiliarão no tratamento de deficiências sobre o crescimento facial.
A expectativa para o futuro é que por fim se possa descobrir — e tratar — as causas das más formações congênitas que costumam impactar enormemente na qualidade de vida de crianças e adultos.
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