O escândalo de Watergate — que revelou um plano de espionagem na Casa Branca e acabou levando à renúncia do presidente Richard Nixon — só existiu por conta de uma série de coincidências. E uma unidade secreta do governo teve um papel preponderante nisso.
Em junho de 1973, um guarda-noturno presente no complexo de Watergate notou que havia uma porta com uma fita adesiva no trinco. Não seria nada de mais, se não fosse o fato de que o guarda notou que havia o mesmo tipo de fita na porta horas antes, e que ela a tinha retirado. Por conta disso, o guarda chamou a polícia.
Foi o mote para que G. Gordon Liddy e E. Howard Hunt, agentes do FBI, orquestrassem uma operação para acompanhar os invasores, por meio de uma transmissão via rádio. Eles ouviram então que 5 sujeitos haviam entrado no complexo de Watergate e estavam instalando escutas no comitê do Partido Democrata.
Os agentes continuaram acompanhando silenciosamente o trabalho, até que um dos invasores contatou Liddy pelo rádio. Eles foram habilmente conduzindo a conversa até que, por fim, ouvissem uma voz fraca que dizia: “eles nos pegaram”.
No dia seguinte, os jornais de Washington trataram o caso como uma história de um roubo frustrado. Porém, havia alguns detalhes que sugeriam que não era um simples assalto. Os suspeitos tinham notas de grandes valores e traziam um equipamento de espionagem profissional, além de terem ligação direta com o comitê de reeleição de Richard Nixon.
Um presidente paranoico
(Fonte: The Independent)
O caso Watergate resulta diretamente da paranoia de um presidente da República. Richard Nixon era um advogado, oriundo de uma família simples, que entrou na política após retornar da Segunda Guerra Mundial.
Ele se elegeu ao surfar em cima de uma onda anti-comunista que vigorava na época. A ansiedade da Guerra Fria, que se sustentava por uma ideia de uma oposição silenciosa e tensa entre Estados Unidos e União Soviética, também foi o motor de um governo que temia qualquer tipo de espionagem. Havia inclusive o medo permanente de que membros da polícia americana fossem agentes infiltrados dos soviéticos.
Nixon chega ao poder como vice-presidente de Dwight Eisenhower, quando começou a se envolver com os trâmites da Segurança Nacional. Em 1969, ele finalmente assume a presidência, após fazer uma campanha muito bem sucedida em 1968, ano considerado terrível para os americanos (só para se ter uma ideia, foi o ano em que milhares de americanos morreram na Guerra do Vietnã, e Martin Luther King foi assassinado, suscitando revoltas pelo país).
Neste contexto, os americanos sentiram que o quieto e pragmático Richard Nixon seria uma boa opção para colocar o país nos trilhos. Mesmo que fosse um estadista competente, o clima pesado e a já pré-existente paranoia do presidente eram os ingredientes necessários para novos escândalos.
As más decisões
(Fonte: NBC News)
Nixon coloca então Charles Colson como conselheiro especial de seu governo. Colson chama E. Howard Hunt, um agente aposentado do FBI, para colaborar. Depois de um fracasso no trabalho no FBI na Baía dos Porcos, ele havia sido redesignado para escrever romances de espionagem que servissem para mudar a opinião pública sobre esta prática.
Foi Hunt que comandou em 1972 uma operação para instalar escutas ilegais dentro do Partido Democrata, oposto ao do presidente. Quando o caso foi descoberto, passou a ser chamado como Caso Watergate. A pressão pública foi tanta que Richard Nixon foi forçado a renunciar ao cargo, tornando-se o primeiro presidente a fazer isso.
Por conta do escândalo, E. Howard Hunt foi condenado a 33 meses de prisão. Após cumprir sua pena, ele seguiu publicando livros de espionagem e produziu 80 obras, até morrer de pneumonia, em 2007. Já Nixon ficou eternamente ligado ao episódio e faleceu em 1994.
#SuperCurioso | www.supercurioso.online