Os Wodaabe são uma pequena tribo nômade que habita países como Nigéria, Níger, Camarões, Chade, Senegal e Sudão. Mas eles são mundialmente famosos por conta de um ritual que executam todos os anos: uma espécie de concurso em que os homens se vestem e se pintam, e são julgados por juízas.
O ritual também é uma espécie de cerimônia de namoro, chamado de Guerewol. Ele faz parte de um festival no qual os Wodaabe fazem reuniões, discutem os dotes, praticam provas (como corridas de camelo) e socializam de formas diversas.
A parte mais curiosa é justamente a voltada aos relacionamentos amorosos: os jovens Wodaabe que já estão prontos para casar enxergam o festival Guerewol como uma chance de conhecer e ser escolhido por sua cara metade. Por isso, muitos deles esperam sair do concurso com uma esposa.
O concurso e a competição entre os homens
(Fonte: Alfred Weidinger/Flickr)
Todo o processo é bem interessante. Os jovens selecionam suas melhores roupas e adereços para se apresentar às mulheres. Eles também pintam o rosto, dando a ele um aspecto bastante exótico.
Todo o preparo é repleto de simbologia. Os Wodaabe pintam o rosto com argila amarela, branca e vermelha. As cores não são por acaso: o amarelo representa a transformação e a magia, e o vermelho remete ao sangue e à violência.
Eles pintam os lábios de preto, destacando o branco de seus dentes. A cor preta também é usada nos olhos e na boca para destacar a vida, opondo-se à morte — associada por eles ao branco. Este “batom” preto é feito de ossos queimados de garça.
Os trajes também não ficam atrás na exuberância. Os jovens Wodaabe decoram as roupas com botões, miçangas e vários outros elementos brilhantes e coloridos. Eles ainda raspam a cabeça na frente e penduram conchas no cabelo, podendo também adornar a cabeça com penas brancas de avestruz.
A avaliação dos candidatos
(Fonte: Timothy Allen/Getty Images)
Depois que os candidatos estão prontos, as mulheres se preparam para julgá-los. Os critérios usados na avaliação são a resistência, a beleza e a habilidade na dança.
A exibição dos jovens consiste em desfilar e dançar durante duas horas. A dança talvez fosse vista por nós como bizarra, já que eles reviram os olhos e mostram os dentes — e tudo isto é entendido como sendo altamente sexy.
Em seguida, as mulheres começam a avaliar os homens. Este desfile é feito na expectativa que alguma pretendente os escolha. Quando isso acontece, ela sinaliza com um gesto feito com a mão. Assim que o festival termina, eles podem sair e ficar mais íntimos.
Toda essa cerimônia não necessariamente acabará em um casamento: isto depende da escolha do casal. Eles podem apenas flertar, ficar juntos, mas também podem acabar em matrimônio.
O roubo das esposas
(Fonte: Excelman)
Os Wodaabe têm tradições que poderiam ser entendidas como pouco conservadoras. Eles não colocam muito valor na virgindade ou na castidade da mulher. Por isso, é bem aceito que elas conheçam novos homens e se relacionem com eles.
No Festival Guerewol, até as mulheres casadas podem participar e escolher um segundo marido, caso desejem. É por isso que a tradição é também conhecida como “roubo de esposas” — se o homem escolhido firmar o relacionamento com a mulher que o escolheu, a união será reconhecida socialmente.
Mas vale lembrar que os Wodaabe não são polígamos. Ou seja, quando uma mulher conhece um novo marido, ela necessariamente larga o anterior e se casa novamente. É por isso que muitos esposos não permitem que suas mulheres compareçam ao festival, pois há o risco real de ficarem solteiros novamente.
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