Cientistas realizaram pela primeira vez o sequenciamento de DNA completo de um homem que morreu durante a erupção do Monte Vesúvio, em Pompeia (Itália), há quase 2 mil anos. O trabalho, cujos resultados foram publicados na revista Scientific Reports, na quinta-feira (26), revelou alguns segredos da vítima do vulcão.
A pesquisa envolveu a análise dos restos mortais de dois indivíduos petrificados encontrados em 1933, no local conhecido como “Casa do Artesão”. Um dos esqueletos teve apenas alguns trechos de DNA sequenciados, enquanto no outro foi possível realizar o sequenciamento genômico completo.
De acordo com a investigação, o material totalmente sequenciado pertencia a um homem cuja idade variava entre 35 e 40 anos quando Pompeia foi soterrada pela cinza vulcânica, no ano 79 d.C. Já o outro esqueleto era de uma mulher com mais de 50 anos.
Monte Vesúvio, ao fundo. (Fonte: Unsplash)
O estudo genético permitiu aos pesquisadores, liderados pelo professor de genética da Universidade de Copenhague (Dinamarca) Gabrielle Scorrano, descobrir alguns detalhes a respeito da saúde dessas duas pessoas.
Vítimas não tentaram fugir
Quando descobertos durante as escavações, os esqueletos estavam caídos no canto da sala de jantar da residência. Acredita-se que eles almoçavam no momento da erupção do Vesúvio, que também atingiu outras cidades vizinhas.
Mas ao contrário do esperado, as duas pessoas não teriam tentado fugir da lava. Segundo a antropóloga da Universidade de Salento (Itália) Serena Viva, que também participou da pesquisa, a posição dos corpos sugere isso.
Ossos do homem com tuberculose na coluna. (Fonte: Scientific Reports/Reprodução)
Um dos motivos pelos quais os indivíduos teriam desistido de escapar é a saúde debilitada. A análise do material sugere que o homem sofria de tuberculose óssea (espondilite tuberculosa), que entre outras coisas leva à rigidez das articulações e à dificuldade de movimento, enquanto a mulher teria osteoartrite, igualmente capaz de afetar a mobilidade.
Dessa forma, a dupla pode ter preferido aguardar em casa até que o pior passasse, como sugere Serena, ao contrário das pessoas que tentaram fugir mas foram atingidas pelos materiais liberados pelo vulcão.
Diversidade genética
A partir do estudo do DNA do morador de Pompeia, os pesquisadores puderam comparar as amostras com os genomas de mais de 1 mil indivíduos antigos e 471 modernos da Eurásia Ocidental, descobrindo semelhanças com vários grupos que viviam na Itália durante a era do Império Romano. Porém, alguns dos genes correspondiam a outros encontrados na ilha da Sardenha, mas não na Itália continental.
Para a equipe, isso sugere uma maior diversidade genética existente no país, naquele período. Os cientistas acreditam ainda que a técnica pode ser usada para extrair DNA de outras vítimas do Vesúvio, aproveitando a proteção fornecida pelas cinzas do vulcão, que ajudou na preservação dos ossos, fornecendo uma boa imagem de como era a vida em Pompeia há quase 2 mil anos.
#SuperCurioso | www.supercurioso.online