A empresa brasileira de aviação Embraer apresentou nesta semana o visual da cabine do ‘carro voador’ em desenvolvimento pela companhia. A demonstração foi a primeira em território nacional e aconteceu durante o Brazil Investment Forum, evento organizado pelo banco Bradesco BBI.
O primeiro conceito do veículo, que deve operar como uma espécie de serviço de táxi aéreo em ambientes urbanos, foi apresentado em 2018. Apesar de ser chamado de forma simplificada de carro, ele na verdade mistura características de vários veículos, incluindo drones e helicópteros.
A cabine exibida pela Eve, que é a subsidiária de desenvolvimento de novas tecnologias da Embraer, ainda é um modelo provisório de exposição. Ela foi mostrada ainda sem a estrutura que permite o voo em si, composto de uma estrutura com várias hélices e um motor.
O espaço acomoda até quatro passageiros, sem contar o condutor. Os ocupantes podem conferir o trajeto em uma tela que fica localizado na parte traseira. Já o piloto tem acesso a um painel de instrumentos completo, além do manche e de outros controles em ambas as laterais.
A expectativa para o ‘carro voador’ brasileiro
De acordo com informações compartilhadas pela companhia, o projeto já tem 2.800 unidades na fila de pedidos por meio de carta de intenção de compra. São 28 clientes de nove países interessados em desenvolver parcerias e adquirir ao menos um eVTOL para implementação.
Ao todo, a Embraer pode gerar até US$ 14 bilhões (ou mais de R$ 81 bilhões na conversão direta da moeda) em receita só com a demanda inicial essa nova divisão. A Eve tem cerca de 700 engenheiros atualmente dedicados ao setor, tem fábrica na cidade paulista de Taubaté e a expectativa é de que os primeiros veículos comecem a operar em 2026.
Esse tipo de veículo será usado como uma alternativa inicialmente de luxo para transporte aéreo de distâncias relativamente curtas. Ele tem autonomia de até 100 km, o que é considerado o suficiente para uma área de grande porte com múltiplos eVTOLs e áreas de pouso e decolagem espalhadas pela cidade.

Em termos práticos, o modelo atual seria capaz de fazer o trajeto entre a tradicional avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, e o Aeroporto Internacional de Guarulhos em 13 minutos — uma viagem que pode levar cerca de uma hora em horários de maior movimento. Até o momento, apenas a cidade de São José dos Campos anunciou um “vertiporto” no Brasil para carros voadores.
Como funciona um eVTOL
O projeto da Embraer é eVTOL, sigla para electrical Vertical Take-off and Landing — ou veículo elétrico de decolagem e pouco na vertical, em tradução livre. Essa categoria inclui aeronaves normalmente de pequeno porte que alçam voo e aterrisam sem precisar de um impulso em alta velocidade, como é o caso de aviões.
Com funcionamento totalmente elétrico, o eVTOL é silencioso, econômico do ponto de vista energético e também sustentável. Para modelos futuros, cogita-se até mesmo que o veículo seja autônomo, sem precisar de um piloto humano, mas essa é uma etapa ainda muito distante.

Para funcionar, um eVTOL precisa de aprovação de órgãos fiscalizadores de aviação ao redor do mundo. O projeto da Embraer já está em fase de regulamentação em vários países, mas ainda sem previsão para aprovação. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda não tem uma regulamentação própria para esse formato de transporte.
Para além da Embraer, são vários os projetos de “carros voadores” similares ao redor do mundo, a maioria de startups com financiamento privado, como a Gohobby. Além disso, empresas de fabricação de aeronaves, como a Boeing, e de outros veículos, como a Hyundai em parceria com a Uber, também possuem propostas em andamento no setor.
O TecMundo já contou toda a trajetória da Embraer em um vídeo do História da Tecnologia. Clique aqui e assista em nosso canal do YouTube!
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