Era para ter sido um dos maiores e mais exclusivos festivais de música da história, mas o Fyre Festival acabou se mostrando um golpe midiático. O evento ocorreria em uma ilha paradisíaca das Bahamas, mas deixou prejuízo financeiro a fornecedores e levou milionários e celebridades a viverem um “inferno”.
Programado para ser realizado em 2017, o festival oferecia pacotes que podiam custar até US$ 100 mil para as acomodações, em tese, de maior luxo. Estavam entre os artistas do line-up do evento os grupos Blink-182, Major Lazer, Disclosure e Kaytranada.
Assim que o escândalo foi confirmado, alguns dos grupos foram a público afirmar que nunca confirmaram participação no Fyre. O barraco foi tão grande que rendeu dois documentários, um do Hulu (Fyre Fraude) e um da Netflix (Fyre: Fiasco no Caribe).
Quem organizou o Fyre Festival?
Billy McFarland (esquerda) e o rapper Ja Rule (direita). (Fonte: Wikimedia Commons)
Billy McFarland e o rapper Ja Rule eram os organizadores do Fyre Festival. Billy era conhecido por desenvolver projetos de tecnologia e entretenimento. Em 2013, havia criado um clube exclusivo chamado Magnises, voltado a atender os millenials endinheirados. O projeto naufragou mesmo depois de ter captado US 1,5 milhão com investidores.
A lábia do criador do clube era tão grande que ele não se queimou mesmo com a falência da iniciativa – era visto como um idealista que teve azar. Billy McFarland, anos depois, fundou uma plataforma que visava revolucionar o segmento de entretenimento musical: o Fyre. Com ajuda de seus contatos, vendeu ao rapper Ja Rule a ideia do projeto.
A ideia era estreitar a conexão entre músicos e contratantes, numa espécie de “Uber da música”. Você poderia usar o aplicativo para contratar seus artistas favoritos, sem intermediários (e sem burocracia). Para impulsionar a plataforma, decidiu fazer um grande festival de música. Estava fechado o primeiro elo do fracasso posterior.
Organizadores enganaram influenciadores e o governo de Bahamas
(Fonte: Wikimedia Commons)
Billy McFarland era megalomaníaco, como as imagens que o documentário da Netflix evidenciam. Ele e Ja Rule rodaram vários eventos de tecnologia vendendo o conceito da plataforma e explicando por que realizar um grande festival para promovê-la.
McFarland havia locado a ilha Norman’s Cay, que chegou a pertencer a um antigo chefão do Cartel de Medellín. Billy e Ja Rule trouxeram uma agência de marketing especializada em grandes eventos e começou a produzir um grande vídeo para promover o futuro Fyre Festival.
Várias modelos foram levadas à ilha para gravarem o vídeo promocional, entre elas as brasileiras Laís Ribeiro, Alessandra Ambrosio e Gizele Oliveira. Contudo, a estratégia foi além: contratou grandes influenciadores digitais para promoverem o vídeo e o evento no Instagram. O governo havia dado permissão, só não imagina o que viria pela frente.
Do burburinho ao inferno
O burburinho crescia, o site foi ao ar e as primeiras atrações foram divulgadas. Entretanto, na ilha, pessoas indicavam que a estrutura não daria conta, o dinheiro parava de chegar e mesmo assim Billy mantinha o festival cada vez maior. Muitos empréstimos foram feitos junto a investidores, mas esse dinheiro nunca chegou realmente a quem devia.
No documentário é possível ver que as pessoas próximas dos organizadores estavam preocupadas com a falta de recursos – financeiros e físicos. Mudanças foram feitas na estrutura do evento e anunciadas aos participantes muito apenas pouco tempo antes da realização. Com a crise batendo à porta, McFarland e Ja Rule mantiveram o festival.
Na manhã em que os voos chegariam à ilha uma tempestade caiu e os colchões foram encharcados, enquanto algumas barracas acabaram destruídas. Faltou energia e acomodações a todas as pessoas presentes. O paraíso virou o inferno na Terra. As pessoas começaram a publicar nas redes sociais e, assim, o mundo descobriu o “fake festival”.
Organizadores do Fyre Festival foram processados
Uma investigação foi conduzida contra os envolvidos com o Fyre Festival. Imediatamente, o rapper Ja Rule procurou desvencilhar sua imagem da de McFarland – e obteve sucesso nisso, apesar de também ter sido envolvido nos processos.
A Procuradoria de Nova Iorque instaurou um processo federal por fraude postal, fraude eletrônica e fraude de valores mobiliários – sem contar os processos trabalhistas e de clientes. Billy se declarou culpado e foi condenado na ação.
Sua empresa foi à falência e ele acabou preso, obtendo a permissão para ficar sob prisão domiciliar desde o fim de março deste ano. Ainda faltam 2 anos para cumprir de sua sentença. Ficou curioso de ver tudo nos mínimos detalhes? Então corra ver o documentário na Netflix.
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