Se você for analisar a história das artes plásticas, vai ver que, no passado, era bem difícil encontrar mulheres no rol dos artistas. Por isso é importante contar a história de Joan Carlile, que é conhecida por ser a primeira pintora profissional da Inglaterra. Por profissional, entendemos aqui alguém que pintava sob encomenda e ganhava dinheiro com seu trabalho.
Joan viveu entre 1606 e 1679. Junto com o seu marido, ela montou um estúdio em Covent Garden, uma área voltada às artes e ao teatro em Londres. Mas mesmo que ela provavelmente tenha sido uma artista bem profícua em sua atuação, apenas dez pinturas foram autenticadas como sendo dela, conforme informação da casa de leilões Dreweatts.
Os retratos de Joan Carlile
(Fonte: Wikipedia)
Joan Carlile ficou conhecida principalmente por conta de seus retratos. Muitos deles mostravam mulheres de corpo inteiro em frente a paisagens exuberantes ao ar livre. Como seu marido tinha proximidade com pessoas ligadas à monarquia, Joan pode ter acesso às classes altas da Inglaterra e teve a oportunidade de pintar famílias importantes sob encomenda.
Mesmo assim, por séculos, seu trabalho foi praticamente negligenciado no mundo da arte. Depois de sua morte, suas obras foram reconhecidas como mera imitação de outros artistas. Isto só começou a mudar quando historiadores da arte encontraram seu nome listado em um documento de 1658 como um dos “artistas ingleses mais notáveis”. Apenas 4 mulheres participavam desta lista.
Anne Gerritsen, historiadora das Universidades de Warwick e Leiden, falou que Joan Carlile conseguiu um feito muito raro ao obter reconhecimento numa época em que mal se cogitava que mulheres pudessem trabalhar. “Por muito tempo, as mulheres artistas foram amplamente ignoradas pela história da arte e nossa visão da arte britânica no século XVII foi dominada por artistas homens”, explicou.
Os trabalhos mais famosos de Joan Carlile
(Fonte: Dreweatts)
Dentre os trabalhos mais conhecidos de Joan está o retrato da família Wharton. Trata-se de uma pintura a óleo que retrata Anne, Philadelphia e Thomas, os três filhos da família Wharton.
Os estudiosos de história da arte creem que se trata de um trabalho bastante distinto: as cores se destacam pelo seu brilho e a textura dos tecidos é magnífica. Os rostos das crianças têm algo de desajeitado, contrastando com a suntuosidade de suas roupas – o que seria uma das marcas do trabalho de Joan Carlile.
Acredita-se que esse retrato deve ter sido um marco na carreira de Joan, uma vez que ela acabou pintando outros quadros de famílias na sequência.
Em 2016, um quadro de Joan chamado Portrait of an Unknown Lady se tornou o primeiro trabalho desta artista a entrar no acervo do tradicional museu Tate, de Londres. Outro quadro dela, chamado Lady Dorothy Browne and Sir Thomas Browne, encontra-se na National Portrait Gallery, na mesma cidade.
Já a obra Elizabeth Murray, Countess of Dysart está exposta no National Trust, uma tradicional instituição de caridade da Inglaterra. Mesmo assim, uma das suas peças foi posta à venda recentemente na casa de leilões Dreweatts, mas não encontrou um comprador.
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