Segundo as primeiras pesquisas Datafolha do ciclo eleitoral de 2022, existem milhares de brasileiros autodenominados “sem religião” espalhados por aí. Inclusive, esse número já teria superado a quantidade de católicos e evangélicos entre a população de 16 a 24 anos no Rio e em São Paulo.
Em 2010, o Censo mostrava que os sem religião ocupavam 8% da população brasileira — cerca de 15 milhões de pessoas. De acordo com os números do estudo, essa parcela da população atingiu a marca de 14% em 2022 e de 25% no âmbito nacional entre jovens de 16 a 24 anos. Ou seja, um a cada quatro brasileiros se sentem desconectados de instituições religiosas.
Números crescentes
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Em 1960, as primeiras enquetes mostravam que somente 0,5% dos brasileiros se consideravam sem religião naquela época. O número subiu para 1,6% em 1980, 4,8% em 1991 e 7,3% em 2000. A marca de 14% em 2022 chamou a atenção dos pesquisadores, que ainda não conseguem dizer exatamente o que aconteceu com a religiosidade nacional na última década por conta do adiamento do Censo populacional de 2020 devido à pandemia.
As pesquisas do Datafolha voltadas para São Paulo e Rio de Janeiro mostram que o número de pessoas sem religião é ainda mais expressivo entre os jovens. Em SP, os jovens entre 16 a 24 anos que se encaixam nessa categoria chegaram aos 30%, enquanto evangélicos foram 27%, católicos 24% e outras religiões 19%
No Rio, os números são parecidos. Jovens sem religião representaram 34% dos entrevistados, número acima dos 32% de evangélicos, 17% de católicos e 17% de demais religiões. É preciso ressaltar que o termo “sem religião” não necessariamente está ligado ao ateísmo ou ser agnóstico, uma vez que também qualifica pessoas com uma crença e que não seguem uma instituição religiosa.
Tendência internacional
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Se cada vez mais jovens parecem estar desconectados com o mundo religioso no Brasil, essa é uma tendência que também vem acontecendo em outros países ao redor do mundo. Uma pesquisa feita pela LifeWay Research nos Estados Unidos mostrou que um grande número de jovens adultos que frequentavam cultos protestantes no ensino médio estão abandonando a igreja.
O estudo revela que dois terços dos entrevistados entre 18 e 22 anos pararam de ir à igreja regularmente por pelo menos um ano. Entre os motivos apontados por esse grupo, os mais recorrentes foram de que a igreja “não é para mim” ou de que “não é para mim neste momento”.
A pesquisa listou 55 motivos para uma pessoa deixar de frequentar a igreja, e os 66% dos entrevistados que fizeram parte desse grupo tiveram que escolher sete ou oito razões entre elas. As quatro principais categorias foram:
- Mudanças na vida: 96% dos entrevistados afirmou que entrar na faculdade e responsabilidades no trabalho os impediram de frequentar a igreja;
- Motivos relacionados à igreja: 32% disseram que os membros da igreja parecem hipócritas e 29% disseram não se sentir conectados com os outros religiosos;
- Posicionamento político e social: 70% citaram crenças religiosas, éticas ou políticas para desistir. Entre eles, 25% discordavam das decisões da igreja a respeito de questões políticas e sociais, enquanto 22% afirmaram comparecer apenas para agradar outra pessoa.
- Lideranças jovens: 63% disseram que as decisões tomadas pelas lideranças jovens de uma igreja contribuíram para a decisão de não ir. Destes, 23% afirmaram nunca ter se conectado com essas pessoas e 20% comentaram ter achado os membros hipócritas.
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