A NASA, agência espacial dos Estados Unidos, está passando por mudanças que podem indicar uma alteração na estratégia de longo prazo da organização. De acordo com análises recentes, é possível que o governo do país norte-americano reduza os esforços de novas missões tripuladas para a Lua e, a longo prazo, até passe a voltar os interesses para a primeira missão com humanos até Marte.
De acordo com a Reuters, a mais recente evidência disso é a saída de quatro oficiais sênior da NASA que eram líderes do projeto Artemis, divisão que cuidava das futuras missões ao satélite natural vizinho da Terra. Elas incluem três pessoas do Marshall Space Flight Center, que até então era uma das bases mais dedicadas a essa missão. Até o momento, a agência não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
A missão Artemis foi anunciada em 2017 no primeiro mandato do atual presidente dos EUA, Donald Trump, para marcar o retorno de missões tripuladas para a Lua depois de mais de 50 anos do último pouso de uma nave Apollo. Os altos custos do projeto e dificuldades técnicas já levaram a NASA a fazer vários adiamentos nas missões — o pouso com astronautas no atual cronograma só deve acontecer em 2027. A ida à Marte deveria ser apenas uma etapa posterior, mas agora pode ser colocada como prioridade.
Musk fez Trump mudar de ideia?
Ainda segundo a Reuters, as alterações na NASA podem ser mais uma prova da influência do bilionário Elon Musk na gestão Trump. Além de ter participado da campanha em comícios e como doador, o empresário é atualmente o responsável pelo departamento de eficiência do governo, o DOGE.
A equipe de Musk tem promovido uma série de cortes em divisões inteiras da administração, além de expor supostos contratos irregulares. A atuação dele como uma espécie de funcionário especial e os privilégios da equipe a dados sigilosos de servidores e da população têm gerado algumas críticas no país.
A questão seria ainda mais uma controvérsia dos possíveis conflitos de interesse envolvendo Musk, que atua ao mesmo tempo como conselheiro de Trump e CEO da SpaceX, empresa de exploração espacial que mantém vários contratos com a NASA. Musk tem como um dos grandes objetivos na companhia realizar uma missão tripulada para Marte e, no futuro, colonizar o planeta vizinho. Ele já fez uma série de promessas não cumpridas sobre a data em que esse tipo de missão deveria acontecer, com o atual prazo sendo o ano de 2032.
No discuso de inauguração da gestão, em janeiro, Trump disse sem maiores detalhes que os EUA iriam “perseguir o destino manifesto do país para as estrelas” e “fincar a bandeira de estrelas e listras em Marte“. Musk considera a ida para a Lua “uma distração” e acredita que o foguete em desenvolvimento pela NASA, o Space Launch System, seja um fracasso — sendo que o projeto da agência é um rival direto da Starship da SpaceX.
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