Colocar a língua para fora em um momento de concentração máxima é um hábito que os seres humanos desenvolveram com o passar do tempo. Inclusive, essa é uma ação que podemos ver com certa frequência em crianças que começaram a aprender a escrever agora ou em bebês que viram seus pais fazendo e desejaram imitar.

Pressionar a língua no céu da boca é uma prática recorrente em tarefas difíceis e algo completamente instintivo para nós. Mas de onde é que isso surgiu? Apesar de parecer uma prática para aumentar a concentração, é muito mais um reflexo do que estamos fazendo do que qualquer outra coisa. Entenda mais sobre o assunto nos próximos parágrafos!

Estudos aprofundados

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

A ação de colocar a língua para fora em momentos de maior atenção foi um tema tão intrigante que virou objeto de estudo de pesquisadores da Universidade de Londres. Comandados pelo professor cognição comparativa Gillian Forrester, os cientistas tentaram buscar mais respostas sobre o assunto.

Uma das teorias criadas pelos especialistas é que o gesto acontece devido um “transbordamento” do nosso sistema motor. Através de neuroimagens, foi possível constatar que a parte do cérebro humano dedicada à linguagem está altamente sobreposta pelas redes neurais dedicadas à destreza e ao uso de ferramentas.

Com isso, nossos neurônios que estão ligados à destreza são ativados e transbordam para uma rede neural vizinha — que termina ativando a nossa boca. Portanto, quando você está profundamente focado em uma tarefa motora de alto calibre, uma grande quantidade de conexões neurais fazem com que você use sua boca e sua língua durante determinadas ações.

Ligação entre mãos e língua

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Segundo Forrester em entrevista à Live Science, as mãos e a língua são os “únicos articuladores finos em nossos corpos e são controlados por partes sobrepostas de nosso cérebro” no hemisfério esquerdo. Logo, os autores concluíram que o uso de ferramentas — habilidades motoras — e da linguagem compartilham o mesmo processo cognitivo.

Porém, os pesquisadores não estão convencidos de que essa é a única coisa envolvida. Forrester e seu colega sugeriram que a maneira como nossas bocas imitam nossas mãos é porque essa é a forma que os seres humanos aprenderam durante a evolução. Com isso, podemos ver exemplos similares em outros primatas.

Os macacos usam principalmente gestos para se comunicar, e é possível que os primeiros humanos também se comunicassem principalmente com as mãos até começarem a usar ferramentas mais complexas. Ao passo que as mãos foram ficando mais ocupadas, nossas bocas e línguas a se tornarem o meio dominante de comunicação.

De acordo com um estudo de 2001 publicado no Journal of Neurophysiology, pesquisadores notaram que nós abrimos mais a boca quando usavam objetos maiores. Em objetos menores, a ação se torna diminuta e a língua entrava mais em jogo. Atualmente, é difícil dar um veredito se o uso da boca no manejo dos objetos é mais uma herança histórica ou um processo cognitivo complexo, mas a tendência é que as pesquisas continuem. 

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