Sempre que uma partida esportiva começa ou mesmo nos primeiros anos do período escolar, é comum termos a execução do “Hino Nacional”. Porém, o que talvez muitas pessoas não saibam é a história por trás dessa mú4sica e até mesmo que essa versão que conhecemos atualmente sofreu modificações se comparada ao texto original.

Quem escreveu o hino nacional?

A música que conhecemos atualmente foi escrita por Joaquim Osório Duque Estrada e a música elaborada por Francisco Manuel da Silva. Porém, curiosamente, no início de tudo a letra era bem diferente.

Alguns documentos guardados no Arquivo do Senado e no Arquivo da Câmara dos Deputados mostram que a ideia original dessa música seguia por outro caminho. A primeira versão foi assinada pelo poeta e juiz Ovídio Saraiva de Carvalho em comemoração à abdicação de D. Pedro I, tratando os portugueses praticamente como monstros que agiam com tirania. Confira a seguir:

Os bronzes da tirania
Já no Brasil não rouquejam.
Os monstros que o escravizam
Já entre nós não vicejam.
Da Pátria o grito
Eis se desata
Desde o Amazonas 
Até ao Prata.
Ingratos à bizarria,
Invejosos do talento.
Nossas virtudes, nosso ouro
Foi seu diário alimento.
Da Pátria o grito
Eis se desata
Desde o Amazonas
Até ao Prata.

Coroação de D. Pedro II gerou uma segunda letra para o Hino Nacional. (Fonte: Museu Imperial do Brasil/Reprodução)Coroação de D. Pedro II gerou uma segunda letra para o Hino Nacional. (Fonte: Museu Imperial do Brasil/Reprodução)

Eis que surge uma segunda versão

Apenas dez anos depois, uma segunda versão do Hino Nacional foi escrita por um autor desconhecido. Da letra original manteve-se apenas o refrão, enquanto outras partes exaltavam a chegada de D. Pedro II ao trono — algo que acontece de uma maneira bem exagerada, como é possível ler a seguir:

Quando vem, faustoso dia,
Entre nós raiar feliz,
Vemos em Pedro Segundo
A ventura do Brasil.
Da Pátria o grito
Eis se desata
Desde o Amazonas
Até ao Prata.
Negar de Pedro as virtudes,
Seu talento escurecer
É negar como é sublime
Da bela aurora o romper.
Da Pátria o grito
Eis se desata
Desde o Amazonas
Até ao Prata.

Outra curiosidade: a primeira versão era chamada “Hino 7 de Abril” (data da abdicação de D. Pedro I), enquanto a segunda ficou conhecida como “Marcha Triunfal”. A terceira, que conhecemos atualmente, se tornou o nosso famoso “Hino Nacional”, algo que aconteceu apenas em 1889 após a realização de um concurso cujo intuito era gerar uma nova música para se transformar no hino do Brasil.

Ainda que no ano de 1889 tenha de fato surgindo uma nova melodia, a letra que a acompanharia não foi autenticada. Isso aconteceu apenas após um novo concurso em 1909, sendo que a oficialização efetiva do Hino Nacional aconteceu apenas em 1922 — ou seja, há exatamente um século.

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