Não é de hoje que os preços dos carros 0km parecem subir constantemente, porém, sempre há a expectativa de que tais aumentos sejam acompanhados de evoluções do produto. Acontece que nem sempre essas melhorias se manifestam do jeito que se espera.
Nosso teste da vez é um exemplo perfeito disso. O TecMundo passou uma semana ao volante do Volkswagen Amarok 2025, atualizado há alguns meses com novidades estéticas e tecnológicas. Rodamos 500km com uma unidade da versão topo–de-linha Extreme, a fim de conferir onde a picape melhorou e onde deveria ter recebido mais atenção.
O que mudou?
Por fora, o Amarok 2025 recebeu um novo para-choque frontal, novos faróis principais e de neblina (os mesmos do Nivus pré-facelift e do Virtus reestilizado), novas opções de rodas, lanternas com máscara negra e um novo “lettering” na tampa da caçamba com o nome AMAROK, a identificação do motor V6 e a plaqueta 4MOTION da tração integral.
Mecanicamente não há alterações. Todas as três versões agora utilizam somente o motor 3.0 V6 turbodiesel, capaz de gerar até 258cv e 59,1kgfm, disponível com câmbio automático de oito marchas. A tração 4MOTION é integral do tipo AWD, ou seja, distribui a força entre as quatro rodas eletronicamente (sem intervenção do motorista) e não oferece reduzida.
O pacote de itens de série inclui: seis airbags, ar condicionado digital de duas zonas, bancos dianteiros com ajustes elétricos (incluindo lombar), protetor de caçamba, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, capota marítima, câmera de ré, central multimídia de 9″ com espelhamento sem fio, volante multifuncional com paddle-shifters, entre outros.
A reestilização trouxe novos faróis Full LED com ajuste elétrico de altura e luzes diurnas integradas para todas as versões e há, a partir da intermediária Highline, o chamado Safer Tag. Trata-se de um pequeno display no topo do painel que exibe alertas de colisão e de faixa, entre outros, mas sem qualquer intervenção na condução.
Mudou, mas ainda é o mesmo
Rodamos alternadamente com o Amarok entre percursos urbanos e rodoviários. De cara foi possível notar que, embora a picape não tenha ficado fotogênica, as impressões do facelift são melhores ao vivo. Na dianteira, a guia de LEDs acima dos faróis é complementada pela grade que, à noite, cria um visual bastante distinto e interessante.
Já na parte de dentro, o modelo decepciona: a cabine é, essencialmente, a mesma de sempre e vale lembrar que o Amarok é um projeto apresentado globalmente em 2010. São 14 anos que agora se manifestam em um acabamento extremamente simples e uma cabine que não condiz com os R$354.990 da tabela na variante Extreme.
De igual modo, o pacote tecnológico traz todo o básico que um veículo desse preço exige, mas não vai além. A adoção do “Safer Tag” foi uma solução pensada para oferecer algum tipo de assistência de condução, contudo, parece uma adaptação feita em loja de acessórios. Em vista da quantia pedida e de rivais como o Ford Ranger, merecia muito mais.
O que continua sendo o ponto alto da picape é, sem sombra de dúvidas, o desempenho. O V6 turbodiesel leva o utilitário com uma esperteza de causar inveja a carros menores; são 2,2 toneladas que, na pista, não são nenhum problema para o 3.0 debaixo do capô. Em rotações elevadas, o ronco fica mais encorpado e deixa a direção ainda mais empolgante.
Conduzimos a picape sem nos preocuparmos com o consumo e, ainda assim, nossa média de 10,8km/l impressiona, mostrando que é possível conseguir médias ainda melhores com o pé leve no acelerador. Ao término dos 500km rodados, o marcador de combustível ainda indicava um pouco abaixo do meio tanque, mostrando a eficiência energética do V6.
A transmissão de oito marchas e a suspensão se mostram quase tão bons quanto o motor, mas ainda parecem um degrau abaixo. As primeiras marchas do câmbio são excessivamente curtas, como se quisessem compensar a ausência da tração reduzida; já a suspensão agrada no geral, contudo, um pouco mais de firmeza não faria mal ao conjunto.
O grande problema do Amarok 2025 ainda é o preço de tabela. Boa parte dos pontos fracos da picape poderiam passar batido se ela não fosse uma das mais caras do segmento. Pela pedida atual, o nível de tecnologia embarcada deveria ser muito superior, bem como o próprio acabamento interno que, embora seja bem montado, não traz qualquer requinte.
Apesar disso, se você compra pela performance, a picape alemã ainda é uma das melhores nesse aspecto, além de ser uma das mais fortes e rápidas entre as médias. Resta saber se o consumidor, de modo geral, irá se convencer de olhar para ela e “engolir” o alto preço baseado somente no quanto ela anda… e o quanto consegue ser eficiente no rodar.
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