Se fossemos capazes de viajar, pouco mais de 4 bilhões de anos no passado, essa seria uma questão facilmente respondida através da análise da substância criadora da vida na Terra. Vírus, bactérias, células desenvolvidas, o que será que encontraríamos na sopa primordial?
Há ainda outra forma de conhecermos nosso passado. Talvez em algum lugar do universo, distante o suficiente, alguma outra forma de vida esteja assistindo de camarote a criação do Sistema Solar e tenha a resposta para nos dar. Mas a ciência tem limites, e somos limitados ao nosso planeta jovem e misterioso.
Dentro do nosso microcosmo existencial, as perguntas de “quem surgiu primeiro” nos assombram. Sermos capazes de respondê-las garante que sejamos mais assertivos na caminhada retrospectiva da criação, tornando mais palpáveis respostas para como surgimos e como nos desenvolvemos.
E como tudo tem um início, vamos primeiro nos perguntar: vírus ou bactérias, quem surgiu primeiro? Já tem seu palpite?
Era uma vez, há 4 bilhões de anos…
Enquanto os elementos primordiais se misturavam, arrefeciam, se reorganizavam, unindo e rompendo ligações, aos poucos alguns conglomerados passaram a se unir de modo sistematizado, formando cadeia sequenciais.
Acredita-se que essas primeiras cadeias simples deram origem ao que hoje chamamos de RNA (Ácido Ribonucleico). Com o passar do tempo, essas cadeias foram se unindo, modificando-se mais uma vez e formando cadeias de dupla hélice, chamadas de DNA (Ácido Desoxirribonucleico).
A partir dessa formação de DNA, a vida passa a exibir sinais de existência, ao passo que as primeiras células, ainda que enucleadas, passaram a ter a capacidade de se replicar, mantendo a receita guardada nas sequências de DNA. E aí começam os impasses.
Para alguns, as bactérias surgiram primeiro, pois os vírus não são considerados “seres vivos” e necessitam de um hospedeiro para poder se replicar. Os vírus guardam suas informações em cadeias de RNA que em contato com o DNA de células invadidas, estimula que suas informações sejam replicadas, e assim, se multiplicam.
Contudo, não serem capazes de se replicar antes da existência das bactérias não significa, necessariamente, que eles surgiram depois. E nesse segundo caso, algumas linhas de pesquisa descrevem que as bactérias se formaram em regiões já habitadas por vírus. Assim, o “surgimento” delas apenas contribuiu para o aumento da população dos vírus.
Mas há ainda uma terceira hipótese: ambos nasceram juntos de um corpo celular comum. No entanto, enquanto as bactérias se tornaram organismos complexos, ativos e capazes de se multiplicar sozinhos, os vírus se despiram dessa “evolução” e mantiveram apenas a capacidade de armazenar seus dados genéticos em sequências simples de RNA.
A descoberta de vírus gigantes e mais complexos, foi o que deu luz a teoria de que ao longo dos milênios, eles foram se simplificando, a ponto de existirem na forma como os conhecemos hoje.
Todas essas teorias partem de princípios e observações válidas, contudo, quando falamos nesses seres, animados ou inanimados, não é possível realizar longos estudos retrospectivos de suas linhagens.
Vírus e bactérias sofrem mutações com bastante frequência. Essas mudanças consecutivas acabam gerando um “apagamento” da árvore genética desses organismos, assim não é possível identificar o ancestral primitivo desses corpos celulares.
De olho no passado, prospectando o futuro
Ainda que possa parecer perda de tempo perguntar-se e pesquisar sobre quem veio primeiro, esse é um estudo essencial para podermos compreender como a vida aconteceu na Terra e quais fatores interferiram para que as estruturas fundamentais sejam como são.
Pode parecer estranho, mas não é apenas os vírus sazonais que habitam seu corpo. Todos nos somos colonizados por esses seres, vírus e bactérias, que contribuem para nossa saúde fazendo a regulação de diversos sistemas, como o intestinal.
Estudar o comportamento, evolução, mecanismos de reprodução e morte desses seres contribui para epidemias e doenças sejam combatidas rapidamente e de modo mais eficiente.
Além disso, olhando para fora do nosso planetinha, compreender quais foram os traços iniciais de vida aqui, pode nos conceder pistas sobre o que procurar fora, em outros sistemas sinais de água e organismos, com potencial de vida fora da Terra.
Não há ainda uma resposta concreta sobre quem veio primeiro, mas sabemos o resultado, ao menos parcial, de uma vida que surgiu de modo microscópico e povoou todo um planeta.
E se você quiser saber mais sobre como os vírus e bactérias podem ajudar a desvendar mistérios sobre origem da vida, fique a vontade para ser um pesquisador Júnior.
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